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26 outubro 2017

Virgínia Alves

Virgínia Bárbara de Aguiar Alves, é Doutora em Informação e Comunicação em Plataformas Digitais pelo Departamento de Comunicação e Artes da Universidade de Aveiro - UA em convênio com a Faculdade de Letras – FLUP da Universidade do Porto – UP (Portugal, 2012). Mestre em Ciências da Informação pela Universidade de Brasília - UnB. Especialista em Administração de Recursos 
Humanos. Especialista em Formação de Técnicos de Recursos Humanos. Especialista em Administração Pública/Organização. Bacharel em Biblioteconomia e Documentação pela Universidade Federal da Bahia - UFBA. Foi professora substituta na Universidade Federal da Bahia/Instituto de Ciências da Informação, atuando principalmente nas seguintes áreas: biblioteconomia, bibliotecas especializadas, públicas e universitárias, preservação e conservação. Foi também Coordenadora do Curso de Biblioteconomia/UFAL e professora Adjunta no mesmo curso. Líder do grupo de pesquisa Informação & conhecimento (CNPq), Conselheira da Associação dos Bibliotecários Alagoanos no período de 2006 a 2007.  Trabalhou como bibliotecária nas seguintes instituições: Escola de Administração Fazendária - EAF; Fundação para o Desenvolvimento do Servidor Público - FUNDESP; Biblioteca Pública do Estado da Bahia; Arquivo Público do Distrito Federal

Inforbiblio – Como surgiu a ideia de transformar sua tese em livro?

Virgínia Alves – Era um desejo antigo, desde quando terminei o doutorado em 2012, porque foi um trabalho muito árduo, não queria que se perdesse. Foram praticamente quatro anos, um trabalho cotidiano com a orientação de duas professoras, eu queria publicar essa pesquisa e disseminá-la entre um maior número de pessoas possível. Também pela importância do tema, são poucas publicações (livros) que existem em língua portuguesa ainda nessa área. Aliás, vou fazer outra afirmação, são pouquíssimas publicações em forma de livro que existem no Brasil, desse assunto que é relativamente novo, é muito recente.

Inforbiblio – É pouco discutido mesmo, inclusive uma ex-aluna sua, comentou comigo que nunca conseguiu entender direito o que é Open Archive.

Virgínia Alves – O Movimento do Acesso Livre (Open Access), foi cunhado assim pelos mentores desse movimento no Brasil e em Portugal. Essa terminologia é muito defendida entre luso-brasileiros. O Open Access é um  movimento internacional que congrega milhares de profissionais da área de Ciência da Informação e da Comunicação Científica em prol da livre disseminação da informação científica produzida em qualquer ambiente, mas sobretudo nas universidades para que sejam disponibilizadas a qualquer pessoa. Quando um pesquisador, independentemente de qualquer instituição, submete-se ao mestrado ou ao doutorado, logo concorre a uma bolsa, geralmente aqui no Brasil essas bolsas são proporcionadas pela CAPES/CNPq. No exterior tem outras instituições de fomento. Não é justo que depois de receber bolsa para estudar/pesquisar, esse pesquisador, ponha o resultado da sua pesquisa um alto custo, obrigando as universidades a pagar para ter acesso a esse resultado de pesquisa. Então, esse Movimento defende justamente isso, já que recebeu uma bolsa para desenvolver determinada pesquisa, nada mais justo que disponibilizá-la para que todos tenham acesso ao resultado dessa pesquisa.
Open Archive – é uma ferramenta que deu possibilidade ao Open Access evoluir. Sintetizando, é uma ferramenta que foi criada para facilitar a interoperabilidade, que estabelece os mecanismos ideais para que seja possível a comunicação entre repositórios e bibliotecas digitais, sem interferência.

Inforbiblio – Fale um pouco sobre os e-prints (pré-prints e pós-prints)

Virgínia Alves – pré-print é um texto/documento que você encaminha para as revistas, editoras. É um texto genuíno, tal qual como você o produziu e ainda não foi publicado. O pós-print é o texto/documento que já foi avaliado pelos pares ou comitê de avaliação dessa revista ou editora, sendo este aprovado ou rejeitado.


Inforbiblio – Explique-nos sobre o Autoarquivamento - Via Verde/ Via Dourada.

Virgínia Alves – Como sempre dizemos e percebemos, as grandes contribuições e grandes iniciativas nessa área de Biblioteconomia, geralmente parte de outros que não são bibliotecários, como Bastos Tigre, por exemplo. Talvez pelo poder ou pelo idealismo? Acredito que é o caso do acesso livre, foi proposto por um psicólogo Stevan Harnard, no livro está bem descrito como aconteceu o surgimento do acesso livre.
A Via Verde foi denominada assim pelo Stevan Harnad, pesquisador da área de Psicologia de uma importante universidade americana. Indignado com o processo de seleção/avaliação de várias editoras, que inclusive, cobram em dólar para publicar, Harnad pensando muito em resolver essa situação, em uma lista de discussão online sobre revistas eletrônicas, da qual participavam pesquisadores internacionais, inclusive ganhadores de Prêmio Nobel, como também bibliotecários e editores, propôs uma subversão e sugeriu aos pesquisadores que trocassem seus trabalhos livremente na internet, como aconteceu com os primeiros artigos na área de Física. Muitas vezes os trabalhos de iniciantes são rejeitados, como em qualquer ambiente, existe um certo pacto ou acordo.... Os pesquisadores que estavam cansados de tanta burocracia, de ter que esperar seis meses ou mais para obter resposta do seu trabalho enviado, aderiram a proposta.
A Via Verde é o autoarquivamento, é você tomar a decisão por si só de publicar sua pesquisa. Por exemplo: a UFAL tem um repositório, a Universidade de Brasília tem também um repositório, então o pesquisador dessas instituições livremente disponibiliza seu trabalho para que outros pesquisadores acessem essa pesquisa em sua íntegra. Daí, acontece o ciclo da informação. Quanto mais informação tivermos, mais poder teremos.
A Via Dourada representa os periódicos de acesso livre, aqueles sem nenhuma restrição. Como já acontece na Ciência da Informação, publicada pelo Instituto Brasileiro de informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), no caso qualquer pesquisador tem livre acesso à essa revista. Foi um passo muito grande porque, o IBICT apoiou imensamente esse movimento aqui no Brasil.

Inforbiblio – Lendo seu livro eu descobri que quantitativamente o Brasil ocupa o 4º lugar em repositórios. Na questão do acesso livre (open access), ficamos à frente da Austrália, Japão e Itália. O que tornou isso possível?

Virgínia Alves – Tem em torno de 10 (dez) anos que esse movimento chegou ao Brasil e o IBICT publicou artigos de revista que tratavam do acesso livre, para que as pessoas conhecessem e entendessem esse Movimento. O IBICT é um defensor da causa. Porque só alcançaremos o desenvolvimento tecnológico se tivermos educação de qualidade e sobretudo informação científica. Pois conhecimento e informação são primordiais, para não continuarmos sempre dependentes das informações e das tecnologias de outros países. A educação é o grande pilar. Se tivéssemos uma educação bem estruturada, com planejamento, com objetivos bem esclarecidos. Com certeza a educação brasileira se encontraria em outro patamar.
Através do IBICT, o governo federal apoiou bastante o movimento, não só com divulgação, mas também buscando recursos através de projetos, para serem implantados kits básicos, para que todas as universidades federais brasileiras instalassem seus repositórios institucionais. Isso foi uma grande conquista, um avanço, um grande passo para que o Brasil chegasse ao estágio em que se encontra hoje em relação ao acesso livre.
Inclusive por causa da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD), que já existia independente dos repositórios institucionais.
Por outro lado, não podemos esquecer das convenções periódicas, do esforço de grandes pesquisadores em várias universidades brasileiras que trabalham e são fascinados por essa causa e se ocupam muito dessa temática. Temos que lembrar também da importância de instituições como a Biblioteca Regional de Medicina (BIREME), da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (FAPESP), o Portal SciELO, da Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários, Cientistas da Informação e Instituições (FEBAB), e do Portal de Periódicos CAPES.


Inforbiblio – Sobre governança na internet, o que é o Internet Governance Forum?

Virgínia Alves – Sabemos que a internet é um instrumento fantástico de comunicação para o livre acesso, em todos os sentidos, em todos as áreas. Não sei se depois da internet, vai surgir outra coisa assim que possa criar um impacto tão grande, com esse poder de comunicação tão veloz e tão instantâneo. É fascinante o fato de todo o mundo poder estar conectado ao mesmo tempo recebendo a mesma informação simultaneamente. Para administrar toda essa informação, existe um comitê que estabelece normas e regras para assegurar e/ou orientar as informações publicadas na internet para as pessoas se conscientizarem que, embora possa parecer, a internet não é um campo livre.                                                                                                                              
O IGF é um multifórum com reuniões periódicas, para tratar da política da internet. São tratadas as questões de segurança, privacidade, direitos autorais, Esse multifórum também trata de questões da língua. O português ainda não tem o mesmo alcance que a língua inglesa e a espanhola, então trabalha-se para aumentar a visibilidade das informações publicadas em língua portuguesa.


Inforbiblio – Agora a sociedade da Informação torna-se também inclusiva?

Virgínia Alves – Sempre foi. Mas, infelizmente pelos últimos acontecimentos, parece que estamos regredindo ao invés de avançarmos. Estamos literalmente dando passos para trás. Isso é um problema sério. Eu me lembro muito bem, quando foi lançado o livro verde. Eu considero um trabalho belíssimo. Com a participação de pesquisadores renomados, intelectuais, estudiosos e representantes de todas instituições brasileiras. Tinha projetos que constavam nesse livro, para que a informação e o avanço tecnológico tomassem outra dimensão no país, que infelizmente ficaram só no papel.

Inforbiblio – Como foi o processo de coleta de dados, já que a senhora se encontrava em Portugal, mas o foco da sua pesquisa era as universidades do nordeste brasileiro?

Virgínia Alves – Foi muito difícil, mesmo porque eu fui questionada por isso. A universidade portuguesa não entendia a minha escolha e me indagava sobre o fato de estar em Portugal, mas dedicar minha pesquisa ao Brasil. Até que eu consegui convencer um dos meus orientadores e ele me disse assim... “Então você não investigará o Movimento de acesso livre, mas sim, o impacto desse Movimento no Brasil”. Por sorte minha, eu já havia começado a estudar as ações do IBICT, entre outras ações independentes de pesquisadores, o Projeto de Cooperação Luso-brasileira, a carta da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a carta do Rio de Janeiro, as decisões de apoio em congressos e tudo mais. Então eu investiguei o impacto desse movimento sobre pesquisadores da área de Biblioteconomia das universidades federais que compreendem a região nordeste.
Encontrei várias dificuldades durante a coleta de dados. Em contrapartida, encontrei muitas contribuições entre alunos, centros acadêmicos, professores e coordenações de cursos. Inclusive eu faço um agradecimento especial no livro, por exemplo, o centro acadêmico da Universidade Federal do Cariri no Ceará, as alunas tiveram muito zelo ao retornarem o questionário para mim. Eu fiquei muito grata com a solidariedade delas.
O que me deixou muito feliz também foi detectar que a maioria dos professores investigados tinha conhecimento sobre o livre acesso, além de apoiar e defender essa questão.
O uso dos repositórios em sua plenitude será uma conquista, mesmo. As pessoas têm que se educarem para começar essa prática até que ela se torne constante e se transforme em um ato corriqueiro.

Inforbiblio – Esse mesmo impacto foi sentido aqui na Universidade Federal de Alagoas?

Virgínia Alves – Por parte dos alunos, nem tanto, mas os professores têm o conhecimento. Mesmo porque, através da professora Suely Costa da Universidade de Brasília e do professor Hélio Kuramoto que era o tecnólogo sênior do IBICT, foi realizada uma videoconferência instantaneamente para todas as universidades do Brasil, solicitando que todos os pesquisadores aderissem a esse Movimento. Foi um desafio conseguir montar todo esse aparato para realizar essa transmissão.
Além do manifesto em prol do Acesso livre, a Revista da Ciência da Informação publicou vários artigos sobre esse tema. Foi criada a   Liinc em Revista, só para tratar do tema do acesso livre.


Virgínia Alves – Como sou bibliotecária, eu afirmo que a informação é imprescindível. Concordo plenamente com os mentores do Movimento no Brasil, se não tivermos conhecimento, não chegaremos a lugar nenhum. Então quando mais pudermos produzir, quanto mais pudermos divulgar, mais conhecimentos iremos adquirir e consequentemente iremos atingir um alto nível em relação a tecnologia.

Inforbiblio – Obrigada professora, por dar ao Inforbiblio essa chance de disseminar o seu trabalho e de certa forma incentivar esse Movimento do Acesso Livre.


Virgínia Alves – Eu fico muito grata a você, pela iniciativa do seu blog, por ele ser voltado para a Biblioteconomia e para a Ciência da Informação, sempre dando oportunidade aos novos profissionais, principalmente. Eu vejo sempre suas entrevistas, com esses jovens profissionais que estão atuando na área. Isso é muito importante, pois não é só a universidade que forma, existe todo um contexto que contribui para a formação dos profissionais. O blog é sem dúvida nenhuma, um caminho, um acesso à informação importantíssimo nos dias atuais, pois o blog é responsivo, assim como outras plataformas. E isso facilita bastante o acesso. E agradeço a oportunidade de falar sobre o meu trabalho que para mim é extremamente gratificante. É sempre bom falar sobre o tema que estudamos. Foi muito bom para mim. Fiquei muito feliz com o convite. Desejo ao seu blog sucesso e uma vida longa.

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