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26 outubro 2017

Virgínia Alves

Virgínia Bárbara de Aguiar Alves, é Doutora em Informação e Comunicação em Plataformas Digitais pelo Departamento de Comunicação e Artes da Universidade de Aveiro - UA em convênio com a Faculdade de Letras – FLUP da Universidade do Porto – UP (Portugal, 2012). Mestre em Ciências da Informação pela Universidade de Brasília - UnB. Especialista em Administração de Recursos 
Humanos. Especialista em Formação de Técnicos de Recursos Humanos. Especialista em Administração Pública/Organização. Bacharel em Biblioteconomia e Documentação pela Universidade Federal da Bahia - UFBA. Foi professora substituta na Universidade Federal da Bahia/Instituto de Ciências da Informação, atuando principalmente nas seguintes áreas: biblioteconomia, bibliotecas especializadas, públicas e universitárias, preservação e conservação. Foi também Coordenadora do Curso de Biblioteconomia/UFAL e professora Adjunta no mesmo curso. Líder do grupo de pesquisa Informação & conhecimento (CNPq), Conselheira da Associação dos Bibliotecários Alagoanos no período de 2006 a 2007.  Trabalhou como bibliotecária nas seguintes instituições: Escola de Administração Fazendária - EAF; Fundação para o Desenvolvimento do Servidor Público - FUNDESP; Biblioteca Pública do Estado da Bahia; Arquivo Público do Distrito Federal

Inforbiblio – Como surgiu a ideia de transformar sua tese em livro?

Virgínia Alves – Era um desejo antigo, desde quando terminei o doutorado em 2012, porque foi um trabalho muito árduo, não queria que se perdesse. Foram praticamente quatro anos, um trabalho cotidiano com a orientação de duas professoras, eu queria publicar essa pesquisa e disseminá-la entre um maior número de pessoas possível. Também pela importância do tema, são poucas publicações (livros) que existem em língua portuguesa ainda nessa área. Aliás, vou fazer outra afirmação, são pouquíssimas publicações em forma de livro que existem no Brasil, desse assunto que é relativamente novo, é muito recente.

Inforbiblio – É pouco discutido mesmo, inclusive uma ex-aluna sua, comentou comigo que nunca conseguiu entender direito o que é Open Archive.

Virgínia Alves – O Movimento do Acesso Livre (Open Access), foi cunhado assim pelos mentores desse movimento no Brasil e em Portugal. Essa terminologia é muito defendida entre luso-brasileiros. O Open Access é um  movimento internacional que congrega milhares de profissionais da área de Ciência da Informação e da Comunicação Científica em prol da livre disseminação da informação científica produzida em qualquer ambiente, mas sobretudo nas universidades para que sejam disponibilizadas a qualquer pessoa. Quando um pesquisador, independentemente de qualquer instituição, submete-se ao mestrado ou ao doutorado, logo concorre a uma bolsa, geralmente aqui no Brasil essas bolsas são proporcionadas pela CAPES/CNPq. No exterior tem outras instituições de fomento. Não é justo que depois de receber bolsa para estudar/pesquisar, esse pesquisador, ponha o resultado da sua pesquisa um alto custo, obrigando as universidades a pagar para ter acesso a esse resultado de pesquisa. Então, esse Movimento defende justamente isso, já que recebeu uma bolsa para desenvolver determinada pesquisa, nada mais justo que disponibilizá-la para que todos tenham acesso ao resultado dessa pesquisa.
Open Archive – é uma ferramenta que deu possibilidade ao Open Access evoluir. Sintetizando, é uma ferramenta que foi criada para facilitar a interoperabilidade, que estabelece os mecanismos ideais para que seja possível a comunicação entre repositórios e bibliotecas digitais, sem interferência.

Inforbiblio – Fale um pouco sobre os e-prints (pré-prints e pós-prints)

Virgínia Alves – pré-print é um texto/documento que você encaminha para as revistas, editoras. É um texto genuíno, tal qual como você o produziu e ainda não foi publicado. O pós-print é o texto/documento que já foi avaliado pelos pares ou comitê de avaliação dessa revista ou editora, sendo este aprovado ou rejeitado.


Inforbiblio – Explique-nos sobre o Autoarquivamento - Via Verde/ Via Dourada.

Virgínia Alves – Como sempre dizemos e percebemos, as grandes contribuições e grandes iniciativas nessa área de Biblioteconomia, geralmente parte de outros que não são bibliotecários, como Bastos Tigre, por exemplo. Talvez pelo poder ou pelo idealismo? Acredito que é o caso do acesso livre, foi proposto por um psicólogo Stevan Harnard, no livro está bem descrito como aconteceu o surgimento do acesso livre.
A Via Verde foi denominada assim pelo Stevan Harnad, pesquisador da área de Psicologia de uma importante universidade americana. Indignado com o processo de seleção/avaliação de várias editoras, que inclusive, cobram em dólar para publicar, Harnad pensando muito em resolver essa situação, em uma lista de discussão online sobre revistas eletrônicas, da qual participavam pesquisadores internacionais, inclusive ganhadores de Prêmio Nobel, como também bibliotecários e editores, propôs uma subversão e sugeriu aos pesquisadores que trocassem seus trabalhos livremente na internet, como aconteceu com os primeiros artigos na área de Física. Muitas vezes os trabalhos de iniciantes são rejeitados, como em qualquer ambiente, existe um certo pacto ou acordo.... Os pesquisadores que estavam cansados de tanta burocracia, de ter que esperar seis meses ou mais para obter resposta do seu trabalho enviado, aderiram a proposta.
A Via Verde é o autoarquivamento, é você tomar a decisão por si só de publicar sua pesquisa. Por exemplo: a UFAL tem um repositório, a Universidade de Brasília tem também um repositório, então o pesquisador dessas instituições livremente disponibiliza seu trabalho para que outros pesquisadores acessem essa pesquisa em sua íntegra. Daí, acontece o ciclo da informação. Quanto mais informação tivermos, mais poder teremos.
A Via Dourada representa os periódicos de acesso livre, aqueles sem nenhuma restrição. Como já acontece na Ciência da Informação, publicada pelo Instituto Brasileiro de informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), no caso qualquer pesquisador tem livre acesso à essa revista. Foi um passo muito grande porque, o IBICT apoiou imensamente esse movimento aqui no Brasil.

Inforbiblio – Lendo seu livro eu descobri que quantitativamente o Brasil ocupa o 4º lugar em repositórios. Na questão do acesso livre (open access), ficamos à frente da Austrália, Japão e Itália. O que tornou isso possível?

Virgínia Alves – Tem em torno de 10 (dez) anos que esse movimento chegou ao Brasil e o IBICT publicou artigos de revista que tratavam do acesso livre, para que as pessoas conhecessem e entendessem esse Movimento. O IBICT é um defensor da causa. Porque só alcançaremos o desenvolvimento tecnológico se tivermos educação de qualidade e sobretudo informação científica. Pois conhecimento e informação são primordiais, para não continuarmos sempre dependentes das informações e das tecnologias de outros países. A educação é o grande pilar. Se tivéssemos uma educação bem estruturada, com planejamento, com objetivos bem esclarecidos. Com certeza a educação brasileira se encontraria em outro patamar.
Através do IBICT, o governo federal apoiou bastante o movimento, não só com divulgação, mas também buscando recursos através de projetos, para serem implantados kits básicos, para que todas as universidades federais brasileiras instalassem seus repositórios institucionais. Isso foi uma grande conquista, um avanço, um grande passo para que o Brasil chegasse ao estágio em que se encontra hoje em relação ao acesso livre.
Inclusive por causa da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD), que já existia independente dos repositórios institucionais.
Por outro lado, não podemos esquecer das convenções periódicas, do esforço de grandes pesquisadores em várias universidades brasileiras que trabalham e são fascinados por essa causa e se ocupam muito dessa temática. Temos que lembrar também da importância de instituições como a Biblioteca Regional de Medicina (BIREME), da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (FAPESP), o Portal SciELO, da Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários, Cientistas da Informação e Instituições (FEBAB), e do Portal de Periódicos CAPES.


Inforbiblio – Sobre governança na internet, o que é o Internet Governance Forum?

Virgínia Alves – Sabemos que a internet é um instrumento fantástico de comunicação para o livre acesso, em todos os sentidos, em todos as áreas. Não sei se depois da internet, vai surgir outra coisa assim que possa criar um impacto tão grande, com esse poder de comunicação tão veloz e tão instantâneo. É fascinante o fato de todo o mundo poder estar conectado ao mesmo tempo recebendo a mesma informação simultaneamente. Para administrar toda essa informação, existe um comitê que estabelece normas e regras para assegurar e/ou orientar as informações publicadas na internet para as pessoas se conscientizarem que, embora possa parecer, a internet não é um campo livre.                                                                                                                              
O IGF é um multifórum com reuniões periódicas, para tratar da política da internet. São tratadas as questões de segurança, privacidade, direitos autorais, Esse multifórum também trata de questões da língua. O português ainda não tem o mesmo alcance que a língua inglesa e a espanhola, então trabalha-se para aumentar a visibilidade das informações publicadas em língua portuguesa.


Inforbiblio – Agora a sociedade da Informação torna-se também inclusiva?

Virgínia Alves – Sempre foi. Mas, infelizmente pelos últimos acontecimentos, parece que estamos regredindo ao invés de avançarmos. Estamos literalmente dando passos para trás. Isso é um problema sério. Eu me lembro muito bem, quando foi lançado o livro verde. Eu considero um trabalho belíssimo. Com a participação de pesquisadores renomados, intelectuais, estudiosos e representantes de todas instituições brasileiras. Tinha projetos que constavam nesse livro, para que a informação e o avanço tecnológico tomassem outra dimensão no país, que infelizmente ficaram só no papel.

Inforbiblio – Como foi o processo de coleta de dados, já que a senhora se encontrava em Portugal, mas o foco da sua pesquisa era as universidades do nordeste brasileiro?

Virgínia Alves – Foi muito difícil, mesmo porque eu fui questionada por isso. A universidade portuguesa não entendia a minha escolha e me indagava sobre o fato de estar em Portugal, mas dedicar minha pesquisa ao Brasil. Até que eu consegui convencer um dos meus orientadores e ele me disse assim... “Então você não investigará o Movimento de acesso livre, mas sim, o impacto desse Movimento no Brasil”. Por sorte minha, eu já havia começado a estudar as ações do IBICT, entre outras ações independentes de pesquisadores, o Projeto de Cooperação Luso-brasileira, a carta da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a carta do Rio de Janeiro, as decisões de apoio em congressos e tudo mais. Então eu investiguei o impacto desse movimento sobre pesquisadores da área de Biblioteconomia das universidades federais que compreendem a região nordeste.
Encontrei várias dificuldades durante a coleta de dados. Em contrapartida, encontrei muitas contribuições entre alunos, centros acadêmicos, professores e coordenações de cursos. Inclusive eu faço um agradecimento especial no livro, por exemplo, o centro acadêmico da Universidade Federal do Cariri no Ceará, as alunas tiveram muito zelo ao retornarem o questionário para mim. Eu fiquei muito grata com a solidariedade delas.
O que me deixou muito feliz também foi detectar que a maioria dos professores investigados tinha conhecimento sobre o livre acesso, além de apoiar e defender essa questão.
O uso dos repositórios em sua plenitude será uma conquista, mesmo. As pessoas têm que se educarem para começar essa prática até que ela se torne constante e se transforme em um ato corriqueiro.

Inforbiblio – Esse mesmo impacto foi sentido aqui na Universidade Federal de Alagoas?

Virgínia Alves – Por parte dos alunos, nem tanto, mas os professores têm o conhecimento. Mesmo porque, através da professora Suely Costa da Universidade de Brasília e do professor Hélio Kuramoto que era o tecnólogo sênior do IBICT, foi realizada uma videoconferência instantaneamente para todas as universidades do Brasil, solicitando que todos os pesquisadores aderissem a esse Movimento. Foi um desafio conseguir montar todo esse aparato para realizar essa transmissão.
Além do manifesto em prol do Acesso livre, a Revista da Ciência da Informação publicou vários artigos sobre esse tema. Foi criada a   Liinc em Revista, só para tratar do tema do acesso livre.


Virgínia Alves – Como sou bibliotecária, eu afirmo que a informação é imprescindível. Concordo plenamente com os mentores do Movimento no Brasil, se não tivermos conhecimento, não chegaremos a lugar nenhum. Então quando mais pudermos produzir, quanto mais pudermos divulgar, mais conhecimentos iremos adquirir e consequentemente iremos atingir um alto nível em relação a tecnologia.

Inforbiblio – Obrigada professora, por dar ao Inforbiblio essa chance de disseminar o seu trabalho e de certa forma incentivar esse Movimento do Acesso Livre.


Virgínia Alves – Eu fico muito grata a você, pela iniciativa do seu blog, por ele ser voltado para a Biblioteconomia e para a Ciência da Informação, sempre dando oportunidade aos novos profissionais, principalmente. Eu vejo sempre suas entrevistas, com esses jovens profissionais que estão atuando na área. Isso é muito importante, pois não é só a universidade que forma, existe todo um contexto que contribui para a formação dos profissionais. O blog é sem dúvida nenhuma, um caminho, um acesso à informação importantíssimo nos dias atuais, pois o blog é responsivo, assim como outras plataformas. E isso facilita bastante o acesso. E agradeço a oportunidade de falar sobre o meu trabalho que para mim é extremamente gratificante. É sempre bom falar sobre o tema que estudamos. Foi muito bom para mim. Fiquei muito feliz com o convite. Desejo ao seu blog sucesso e uma vida longa.

05 outubro 2017

Monick Gomes


Franciane Monick Gomes de França é Bibliotecária do Instituto Federal de Alagoas (IFAL) desde o ano de 2012, graduada em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e especialista em Biblioteconomia pelas Faculdades Integradas de Jacarepaguá (FIJ). Áreas de Interesse: Literatura, leitura, história das bibliotecas, literatura erótica, ética bibliotecária, censura a livros e preservação/restauração de livros. Alguns dos assuntos foram discutidos em seu Trabalho de Conclusão de Curso e Monografia de pós-graduação. Colaboradora do Projeto “Unidos, leremos! ”



Inforbiblio – Como surgiu o Projeto "Unidos, leremos!"?
Monick – Foi em 2012. Minha amiga Vanessa Oliveira, da área de Comunicação, entrou em contato comigo e com outra amiga nossa da área de Letras, Analice Leandro. A Vanessa tinha uma locadora de livros, que não deu muito certo. Ela acabou encerrando as atividades dessa locadora, mas queria que os livros circulassem e nos pediu ideias e ações para pôr em prática essa circulação. Então ocorreu-nos a ideia da feira de troca de livros. Outras ações também foram testadas, como deixar livros em praças e também a troca direta entre leitores, passando livros de um para o outro, e assim o livro iria circulando.
Essas últimas ações não deram muito certo, mas a feira permanece até hoje. Já houve transição de pessoas no projeto. As duas amigas que iniciaram comigo, estavam sem tempo para se dedicarem, então outra amiga, Jéssica Gonçalves deu continuidade comigo e nós montamos a feira em eventos dos quais somos convidadas.

Inforbiblio – Como vocês chegaram a um consenso em relação ao nome “Unidos, leremos!"?
Monick – Pois é, eu lembro que tivemos algumas discussões sobre como seria o nome, mas sinceramente não me lembro, porque como eu disse, isso aconteceu em 2012. Acho que foi a Vanessa mesmo quem escolheu, em uma das reuniões que fizemos.
Inforbiblio – A feira tem sido gratificante, as pessoas realmente comparecem para trocarem seus livros?
Monick – Depende muito do evento para o qual a gente leva a feira, porque dependemos muitos das pessoas que frequentam. Por exemplo, quando o evento é menor e/ou foi pouco divulgado, o resultado não é muito satisfatório. Quando começamos em 2012, o primeiro evento foi uma experiência muito legal, aconteceu lá no Posto 7, na orla de Maceió. Foi um evento muito interessante, pois tinha uma variedade de coisas, não só a nossa feira de troca de livros. Tinha venda de bijuterias, venda de CDs e Vinis, tinha até um sebo também, então a circulação de pessoas naquele espaço era muito grande. Foi assim durante um mês, todos os sábados, se não me engano. Então quem passava e estava sem livro para realizar a troca, confirmava que voltaria na outra semana.
Eu já organizei a feira aqui no Instituto Federal de Alagoas (IFAL) e apesar de eu ter divulgado muito, aconteceu de alguns alunos esquecerem do dia do evento e não levaram seus livros para trocar, mas isso não impediu que eles tivessem a curiosidade de visitar e manusear e ler as obras. Nós sempre os deixamos bem à vontade quanto a isso. Então de qualquer forma, foi muito boa também.
Participamos também de um evento da Prefeitura aqui de Maceió, que acontecia na Praça do Centenário e lá a frequência foi um pouco maior. É interessante porque existem aquelas pessoas que entram em contato com o projeto pela primeira vez e depois já fica acompanhando pelo Facebook, já curtem a fanpage.
Ultimamente temos realizado a feira com menos frequência, pois como eu frisei antes, as meninas andam meio ocupadas. Então fica para mim o compromisso de deslocar o material até o local do evento. Eu também tenho minha ocupação, sem falar na minha limitação, pois não possuo carro. Isso complica um pouco.
Inforbiblio – Qual é o tipo de público a qual o projeto “Unidos, leremos!" atende?
Monick – Só não atendemos ao público infantil/infanto-juvenil; pelo menos não por enquanto.
Inforbiblio – Você está procurando parceria para que esse projeto de incentivo à leitura tenha continuidade?
Monick – Então, eu estou em negociação com a idealizadora do projeto de uma “feirinha cool” Do lado de cá,que é realizado lá no Centro Cultural Art Pajuçara. Já aconteceram três edições desse evento e a quarta será na VIII Bienal do Livro de Alagoas. Acontece assim: ela monta barraquinhas de vendas. São coisas variadas, tem cactos, estatuetas de Buda, bijuterias. Ela leva também o Minimalista Brechó para essa feirinha. Além disso, ela tem um baú de troca de livros. A ideia é a seguinte, como eu tenho um volume maior de livros que ela, eu vou ceder uma parte para que ela possa levar para trocar na feirinha. Mas, ainda não batemos o martelo, falta acertamos os detalhes, ainda não temos nenhum evento programado.
Outra parceria que eu acabei de formar, foi com a Cooperativa de Trabalho Nacional dos Bibliotecários e Profissionais da Informação (Bibliocoop). A Assessora de Mídias, Rose Marques que organiza a Feira de Troca de Livros - Coopera & Troca, me sondou sobre a possibilidade de juntarmos o nosso acervo em eventos organizados por terceiros e eu aceitei.
Inforbiblio – Fale da sua experiência como Bibliotecária-Coordenadora do IFAL.
Monick – Foi a minha primeira experiência, sou concursada desde 2012. Fui aprovada em 2º lugar, entre as 3 vagas ofertadas. Claro que as experiências anteriores como estágio me deram muita base, não tem como negar. Mas assim, você chegar de início e encarar uma grande responsabilidade é um choque, porque eu assumi o cargo de Coordenadora da Biblioteca do Campus de Palmeira dos Índios, não tinha ninguém naquele momento que pudesse me dar um suporte, mesmo porque eu era a única bibliotecária ali no local. A bibliotecária anterior encontrou uma vez comigo e me passou algumas coisas, mas é diferente de se ter um acompanhamento diário. Confesso que eu fiquei um pouco desesperada em ter que dar conta de procedimentos que nunca tivera contato antes.
Imagine a situação na qual eu me encontrei, a biblioteca estava sem o profissional há 2 anos, porque a bibliotecária anterior havia saído para fazer mestrado. Então a minha responsabilidade foi ainda maior. O Campus lá de Palmeiras era ótimo, as pessoas eram muito legais. Nós formamos um grupo com os bibliotecários novatos e os veteranos e daí nós nos reuníamos para tirar dúvidas, discutir questões e aí o grupo foi crescendo e eu fui me inserindo melhor, fui me desenvolvendo.... Não há nada como o tempo! Você vai adquirindo experiência e tudo fica mais tranquilo.
Depois de um ano surgiu a vaga para o Campus de Maceió. Na lista de posse, eu era a primeira, pois os bibliotecários mais antigos não tinham o interesse de sair dos seus atuais polos. Eu gosto bastante daqui, mesmo porque eu tenho um carinho enorme pelo IFAL, pois eu já fui aluna aqui do Campus. E a experiência aqui foi completamente diferente, aqui eu tive o apoio de duas profissionais muito experientes, então foi muito legal poder contar com elas. E há uma diferença gritante de dimensão entre o Campus de Palmeira e o daqui de Maceió, pois o primeiro fica localizado no interior de Alagoas, é bem menor. Na capital o número de profissionais é maior, o número de atividades que você pode desenvolver é mais expansivo, o acervo é maior, enfim, é outra perspectiva, tem-se outra visão. Contudo, atualmente, não sou mais coordenadora daqui.
Inforbiblio – Na sua visão, como se encontram os Institutos Federais, depois desse governo ilegítimo?
Monick – Uma calamidade, não só os institutos, mas as universidades também estão aí ao ponto de encerrar suas atividades. Está muito complicado, as verbas foram muito reduzidas, foram cortadas, 20% daqui, 20% dali, então isso influencia total e diretamente no processo de aquisição de equipamentos de infraestrutura, contratação de pessoal também, nós tínhamos um contrato de terceirização e foi cortado, enfim, isso implica no bom funcionamento da instituição, pois o número de servidores existente é muito pequeno para dar conta. Então a demanda aumenta muito e fica difícil lidar com isso. Você não consegue trabalhar bem, não consegue desenvolver as atividades que lhe são inerentes, então eatá pesando bastante. Como se não bastasse a velha burocracia existente, com esses cortes fica infinitamente difícil. O setor da biblioteca está sendo bastante penalizado, assim como os outros setores.
Inforbiblio – Você tem um estilo bem diferente (heavy metal) da maioria das bibliotecárias, tem tatuagens, cabelo colorido, piercing - isso de alguma forma atrapalhou você no ambiente de trabalho?
Monick – Eu nunca senti nenhum tipo de preconceito - com relação a isso não, por incrível que pareça, felizmente as pessoas por aqui tem a mente aberta - mas já senti o preconceito das pessoas de outros setores em relação a idade que eu aparento ter para elas; pensavam que eu era estagiária ou algo do tipo, mesmo porque ainda existe aquele estereótipo de que uma bibliotecária necessariamente teria que ser uma senhora mais velha com coque e óculos e que pede silêncio aos usuários, aquele padrão de profissional caricato, né? Apesar de também usar óculos, não me encaixo nesse paradigma... (risos). Mas isso foi só no começo mesmo, depois que eu fui me envolvendo com os setores e com as pessoas que trabalham neles e depois que eu assumi a coordenação também as coisas foram se encaminhando.
Inforbiblio – Nesses seus cinco anos de experiência, você acha que o mercado de trabalho mudou, você acha que estão se abrindo mais portas?
Monick – Boa pergunta! Olha só, eu posso até estar enganada, pois eu logo depois de formada me tornei servidora pública, então não passei por percalços na busca por emprego. Claro que cabe a nós todos da área, Cooperativa, Associação e Sindicato, realizarem a mudança, dar visibilidade ao profissional. Tiro como exemplo aqui o IFAL, mesmo existindo três bibliotecárias no setor temos que estar mostrando o que é de nossa competência e o que não cabe a nós executar, e creio que algumas situações ainda mais delicadas acontecem nos polos dos interiores., mas eu sinto que as empresas estão valorizando mais a figura do Bibliotecário, pelo menos no setor privado, os empresários estão sabendo valorizar mais esse profissional e entendendo a importância dele para a empresa. Eu tenho essa impressão, que os contratantes estão abrindo mais a mente para a necessidade do profissional formado em biblioteconomia, pelos conhecimentos que nós adquirimos na graduação. É o que eu sinto, pelo menos da época que eu me formei para cá, vejo que já melhorou um pouco. Sinto bastante essa mudança não ter ocorrido também na esfera pública, porque as bibliotecas escolares ainda continuam negligenciadas, mesmo depois da Lei nº 12.244, que ainda não está sendo cumprida.
Inforbiblio – Quais seus planos futuros na área?

Monick – Vou fazer mestrado, já está mais do que na hora. Embora meu foco não seja propriamente lecionar, é possível que durante o mestrado isso se altere, mas eu penso mesmo é em desenvolver atividades didáticas nas escolas, tipo, eu estou desenvolvendo agora o projeto de levar alunos do IFAL aos museus; está sendo bem legal, mas ainda é um grupo pequeno, pois esse projeto é recente. Eu ainda não sabia bem se ia alavancar, como ocorreriam as coisas e tal. Então foram os alunos de Turismo que tiveram o interesse em participar, daí isso me despertou o interesse de fazer um trabalho mais voltado para eles, de horas complementares, porque não há, por exemplo, nenhuma disciplina de Turismo Cultural, pois é muito importante que eles tenham contato com os equipamentos culturais, não só os museus, mas arquivo e biblioteca pública.
Então o mestrado auxilia enquanto título, quer queira ou não, o título é tudo, né? Você pode ser boa o bastante no que faz, mas se não possui um título maior que a graduação, as pessoas visam muito isso. Você acaba sendo preterida em muitos momentos e principalmente dentro da área em que você atua. Mas também eu faço isso por mim, eu realmente quero me sentir mais qualificada na minha atuação. Eu ainda não sei se depois do mestrado eu darei continuidade e farei doutorado.
Inforbiblio – Você poderia nos contar onde fará seu mestrado, porque aqui infelizmente não temos nenhuma especialização, nos foi tirado a única chance que tínhamos de sermos especialistas em arquivo – um grande retrocesso, pois o mercado está cada vez mais necessitado de profissionais para atuar em arquivos, o campo na área de arquivo está se desenvolvendo muito. Agora diante disso, imagine a possibilidade de ser mestre nesse contexto - é quase uma utopia, isso é lamentável.
Monick – Pois é, abriram uma turma recentemente, mas só para servidores, um tanto estranho isso. Infelizmente não aconteceu por falta de coro, né? Então estamos aqui, “a ver navios”. Eu pretendo fazer na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), escolinha do coração de todos os bibliotecários... (risos) porque tem Ciência da Informação, que é linda - assim, fantástica - desde o prédio às discussões que ocorrem na área.
"Por que lá?", você deve estar se perguntando... A UFMG foi a minha escolha por vários motivos, pela cidade de Belo Horizonte, pela própria instituição que fala por si só, como também pela minha área de interesse, pelo que eu quero debater, porque desde o final da minha graduação eu já tinha ideia do que eu queria fazer no mestrado, então eu tinha que encontrar uma universidade que tivesse uma linha adequada e tal, que tivesse professores que já desenvolvessem de uma forma aquilo que eu busco.
Inforbiblio – E qual é a sua linha de pesquisa?
Monick – É sobre a censura na literatura, é a mesma linha que eu desenvolvi em meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Só que no mestrado eu vou focalizar o período histórico da ditadura na Biblioteca Nacional (BN), especificamente como se deu essa censura, qual foi o tratamento dado ao material censurado, pois existem muitos trabalhos acadêmicos, mas nenhum cita isso. É importante saber o destino que se deu a essas obras censuradas, se foram incineradas, se desapareceram, enfim, a perda desses conteúdos literários. Saber o perfil do bibliotecário da época, como eles lidaram com esse acontecimento. Também vou abordar a questão do patrimônio, do depósito legal, vou trazer à tona todas essas discussões sobre a BN, enquanto patrimônio literário. Então lá na UFMG, existem professores que trabalham com esses temas da censura e ditadura.
Creio eu que será uma pesquisa nova, original, pois pelo muito que eu pesquisei desde a minha graduação, nunca encontrei nada que juntasse a Biblioteca Nacional e a censura na época da ditadura, pelo menos não parecido com essas discussões, não por esse prisma, entende? Para dizer que eu não encontrei nada, eu recuperei um artigo que falava sobre a seção onde os livros proibidos ficavam localizados, conhecida como “Inferno” - como é conhecido também em outras bibliotecas espalhadas pelo mundo, tipo na França; na Inglaterra também tem essa seção, mas com outro título. Quer dizer, isso era meio comum de ser feito, mas não há nenhuma pesquisa que aprofunde de fato como isso se desenvolveu, o que foi perdido, o que foi recuperado e como foi a atuação dos profissionais. Daí eu vou debater isso com questionários, pesquisa de campo, entrevistas, enfim.
Inforbiblio – Já que estamos falando de censura, qual a sua opinião sobre a censura à Exposição Queermuseu?
Monick – Eu acho absurda, claro! Qualquer intervenção em arte eu acho absurda, sabe? Assim, é aquela coisa, são grupos que querem intervir em algo maior, eu entendo dessa forma. A literatura, arte, a música, têm que ter liberdade de expressão. Isso entra também naquela questão do politicamente correto, eu tenho uma mente e ideias abertas para muita coisa, então se eu for discutir tudo que eu concordo, vou acabar sendo apedrejada pelos hipócritas de plantão.
Eu estava assistindo a uma entrevista do Porchat, perguntaram a ele sobre o politicamente correto e ele falou assim... “Na verdade você tem que escolher onde a cacetada vai ser menor, porque você vai sempre incomodar alguém”. E é mais ou menos isso, não tem como você não incomodar ninguém em nada. Você sempre vai incomodar alguém, seja na literatura, seja na arte, pintura, música, qualquer tipo de expressão, né? Até no seu jeito de ser, você vai incomodar alguém. O que as pessoas têm que entender é que você tem que aceitar, se aquilo não interfere diretamente em você, se você tem a opção de escolher, por exemplo: daquilo eu não gosto, aquilo eu não vejo, então eu não vou a determinada exposição. As pessoas precisam cultivar uma mente mais aberta, pois se toda vez que você não concordar com algo e você exigir que aquilo deixe de existir, não vai existir mais nada no mundo, porque sempre vai existir alguma coisa que alguém que não vai gostar.
Então eu achei aquela interdição totalmente absurda, na época de hoje, século 21, uma invasão, uma intervenção totalmente desnecessária. Como eu frisei antes, não concorda? Não compareça, não visite! Avise aos seus fiéis, se for o caso, para não assistir, não visitar, algo assim.
Inforbiblio – Você tem algum desabafo para fazer e/ou quer deixar alguma mensagem para os seguidores do Inforbiblio?
Monick – Eu estava preenchendo ao questionário da International Federation of Library Associations and Institutions (IFLA) – Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias, que discutia sobre o que precisava ser feito para tornar as bibliotecas mais acessíveis ou o que precisava melhorar na própria biblioteconomia. Tratava sobre a comunidade saber da existência do profissional, do bibliotecário mostrar a cara, fazer mais palestras, eventos, mostrar qual é a sua qualificação, quais são as suas atividades inerentes.
Então, eu percebi que desde que me tornei uma profissional, eu tenho sentido essa dificuldade da sociedade em perceber que o bibliotecário é tão capacitado enquanto profissional, quanto é o psicólogo, o pedagogo, porque em muitas situações nós somos renegados de alguma forma, sabe?
Numa situação que ocorreu recentemente, envolvendo a Educação a Distância (EAD) - pois aqui é um polo presencial para os alunos dessa modalidade - nós bibliotecários do IFAL questionamos que alguns cargos administrativos são pagos e na nossa atividade não constava remuneração, era para desenvolvemos tais atividades sem haver pagamento. Abriram outra seleção para cargos técnicos, dentre eles pedagogo e assistente de alunos e de novo não constava o bibliotecário. Nós precisamos de uma justificativa do porquê um profissional X tem uma bolsa para desenvolver suas atividades e nós não temos, assim como outros cargos que possivelmente serão utilizados no decorres do desenvolvimento das atividades. E não nos foi dada essa justificativa ainda. Estamos em processo de discussões e reuniões para ver essa situação. Mas isso é só um exemplo da situação, aqui na instituição como nosso grupo agora está bem maior, nós nos reunimos mais, já conseguimos chamar mais a atenção para a profissão.
Inforbiblio – Você acha que isso se deve à falta de conhecimento dos outros profissionais e das pessoas em relação aos bibliotecários?
Monick – Eu concordo com a falta de conhecimento sim, essa é a primeira questão que eu quero levantar, mesmo porque aqui em Alagoas, o curso ainda é relativamente novo. Quando algumas pessoas me perguntam o que eu faço na biblioteca e eu respondo que sou formada, elas reagem com a seguinte frase: “Ah, e existe formação para isso?"
E a segunda questão é em relação aos próprios bibliotecários. Eu vejo muito pouco desbravamento e isso acontece muito próximo a mim, pessoas com quem convivi em várias situações. Tem que mostrar a cara, tem que exigir o que é de direito e o que também não faz parte da nossa ossada.
Quando passam para outros ações e atividades que lhe competem, você tem que ir lá e dizer: isso cabe a mim! Você tem que lutar, brigar e exigir. E eu vejo isso um pouco defeituoso, com relação aos profissionais. Vejo muitos sendo permissivos demais, de aceitar sem tentar mudar o quadro. O profissional tem que saber se impor.

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