Um Discurso Sobre as Ciências - Parte III
Nesse último post, continuarem com a terceira parte do livro "Um Discurso Sobre as Ciências. Abaixo destaca-se a segunda tese sobre o Paradigma Emergente...
2 – Todo o conhecimento é local e total
Santos (2008) destaca que a excessiva parcialização e disciplinarização do saber científico faz do cientista um ignorante especializado e que isso acarreta efeitos negativos. Segundo Santos (2008, p.75) as novas disciplinas são criadas para resolver os problemas produzidos pelas antigas e por essa via reproduz-se o mesmo modelo de cientificidade.
Ao contrário da ciência moderna, na ciência pós-moderna o conhecimento avança à medida que o objeto de estudo se amplia, indo em busca de variadas interfaces e da pluralidade metodológica. Portanto, por ser um conhecimento total e local, ele não é
determinístico e nem descritivista.
3 – Todo o conhecimento é autoconhecimento
Podemos afirmar hoje que o objeto é a
continuação do sujeito por outros meios. (SANTOS, p.83). É necessário uma outra
forma de conhecimento, um conhecimento compreensivo e íntimo que não nos separe
e antes nos una pessoalmente ao que estudamos.
(SANTOS, p.85).
Na terceira tese, Santos afirma que a ciência, natural ou social, é subjetiva e, consequentemente, autobiográfica. Parafraseando Clausewitz, o autor diz que o objeto é como se fosse uma continuação do sujeito através de outros meios, e que a subjetividade do cientista faz parte de sua explicação sobre a sociedade ou a natureza.
4 – Todo o conhecimento científico visa constituir-se em senso comum
Na quarta e última tese, Santos afirma que a ciência pós-moderna também tende a reconhecer o senso comum como uma fonte de ciência assim como qualquer outra, tentando dialogar com as demais formas de conhecimento e deixando-se penetrar por elas.
Santos reconhece ainda que o senso comum como sendo prático e pragmático,atrelado às trajetórias e experiências vivenciadas por um grupo social. “A ciência pós-moderna procura reabilitar o senso comum por reconhecer nesta forma de conhecimento algumas virtualidades para enriquecer a nossa relação com o mundo” (SANTOS, p.88-89).
Estamos divididos, fragmentados. Sabemo-nos o caminho mas não exactamente onde estamos na jornada. (SANTOS, p.92).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A visão epistemológica de Boaventura Santos propõe que a teoria do conhecimento seja desvinculada do pensamento positivista. O conhecimento científico não pode ser considerado o único saber verdadeiro. O novo paradigma precisa ter um caráter social por interagir com as demais fontes do conhecimento, promovendo assim, uma ciência mais democratizante.
Obrigada!
*Nossa jornada sobre o seminário do livro de Boaventura de Sousa Santos termina aqui. Espero que o conteúdo seja útil da forma como foi apresentado.